sábado, 19 de dezembro de 2009

TURVA




Ela morreu atropelada numa curva
Turva de dor e de álcool
Perdida de si mesma
Falava sozinha
Ela tinha uma dor do âmago
O dom da vida havia perdido
Ela tinha um amor falido
Uma paixão vulcânica
E até mesmo satânica
Então decidiu morrer

Continuou andando sem rumo
Com sumo de porra ainda quente
Maculando seu ventre
Espirrando em sua alma

Foi tão inocente
Agora está descrente
Querendo encontrar o demo
"não eu não temo"
Ela pensou
"Deitava-me com ele há tempos"

Imaginou então
Uma morte rápida
Até mesmo enfática
Jogaria-se do mais alto prédio
Pra acabar com o tédio
Dessa gente que não a vê

Encaminhou-se então
Para Rio Branco
Chorando tanto
Que mais nada podia enxergar
Foi quando o viu
Dobrando a rua
Em pose viril
E decidiu matá-lo também

Urrou com tanta força
Levitando rumo ao algoz
Mais o destino lhe foi atroz
E um carro lhe tirou a vida
Tão sofrida e obscena

Foi quando as múmias transeuntes
Amontoadas pra ver a cena
Perceberam uma lágrima
E um sorriso

Como tragicomédia
Morreu feliz a moribunda
Pois sabia que imunda
Já não estaria mais

3 comentários:

  1. foooooorrrrttteeee!!!
    lindo teu blog assim, alimentadinho... rs
    beijos

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  2. é uma tragédia que é tanto do meu coração...
    adoro recolher flores secas e devolver flores vivas,
    eternas,
    eterna poesia,
    que baila além da curva,
    não tenho medo
    admiro e
    voo.

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